Na última semana, a Fundação Abrinq realizou o 21º Encontro Anual da Rede Nossas Crianças. Com o tema Um olhar para a proteção das crianças e dos adolescentes o evento, realizado pela segunda vez consecutiva de forma online, reuniu profissionais de diversas áreas como educação, assistência social e saúde e que atuam em organizações da sociedade civil.
O encontro teve como objetivo promover o debate sobre quais medidas de proteção estão sendo pensadas e implementadas pelas organizações para reduzirem a desigualdade social perante a retomada das atividades presenciais.
“Acreditamos que promover momentos com as organizações para que possamos aprender mais sobre determinados assuntos ou para que elas possam compartilhar suas vivências entre si é fundamental para instituirmos um trabalho em conjunto e avançarmos na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes. Este encontro tem isso como objetivo: fortalecer o trabalho em prol da infância e adolescência no Brasil”, comenta Victor Graça, gerente executivo da Fundação Abrinq.
Para falar sobre o Enfrentamento a todas as formas de violações contra crianças e adolescentes e os impactos da pandemia, a Fundação convidou Joana Garcia, doutora em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, que iniciou as apresentações. Na ocasião, Joana explicou o que é violência, quais maneiras ela pode se manifestar e refletiu sobre os desafios do cenário atual.
“Quando nós falamos de violência, nós falamos de um trabalho que precisa ser permanentemente reeditado”, inicia Joana.
“O maior volume de informações que nós temos sobre violência e violação está concentrado em um segmento social de famílias empobrecidas e crianças desprotegidas por privação material. Nós estamos em um país profundamente desigual, então é preciso que a gente ao pensar em proteção, pense também nas formas de fazer chegar a essas famílias, que são demandadas a proteger, as condições necessárias para que elas possam proteger”, expõe a profissional durante sua fala.
Seguida pela palestra denominada Estratégias para proteção de crianças e adolescentes no (pós) pandemia – cuidados com a saúde mental, a Aline Cayres, psicóloga e doutora em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), relacionou a saúde mental e a gestão pública, assim como apresentou as peculiaridades do contexto da pandemia.
“A pandemia não acabou, então quando falamos de estratégias e da retomada, ainda estamos falando no contexto dela e pensamos a saúde mental atravessada por este aspecto. Já tínhamos desafios prévios e eles permanecem”, explica Aline.
Como uma estratégia importante para a retomada das atividades presenciais, a psicóloga ressalta a importância de proporcionar momentos de escuta: “É importante pensar em estratégias de um cuidado ampliado, pensando em projetos que possam amplificar a escuta, seja uma roda de conversa, espaço para debate ou alguma outra possibilidade de poder oferecer um caminho para manifestações e expressões, sejam mais artísticas ou de depoimentos. Isso traz um conforto tanto para a equipe quanto para as crianças que estão retomando os processos”, relata.
A terceira e última palestra, ministrada pelo Cláudio Oliveira, analista de responsabilidade social da MSC Brasil, falou sobre Setor privado – qual o seu papel para a promoção de oportunidades.
Ao longo de sua exposição, Cláudio mostrou as boas práticas de responsabilidade social da empresa e compartilhou como tudo começou: “Nós mapeamos todo o município de Santos – SP, verificando o que tínhamos de lei de incentivo, porque não tínhamos orçamento, e pensamos como poderíamos reverter isso para contribuir com o desenvolvimento de crianças e adolescentes no município. Nós tínhamos uma lei de incentivo municipal e dentro dela nós começamos a trabalhar alguns eixos, como a inclusão”, explica.
A MSC Brasil também é uma Empresa Amiga da Criança há mais de sete anos e, desde então, realiza ações sociais em prol da infância e adolescência e atua, junto à Fundação Abrinq, para combater o trabalho infantil.
Assista o evento completo:
Rede Nossas Crianças
A Rede Nossas Crianças é composta por mais de 200 organizações da sociedade civil que integram ou já integraram o Programa Nossas Crianças da Fundação Abrinq.
Criada em 1999, ela tem como objetivo mobilizar e promover o debate sobre temas pertinentes à infância e adolescência entre as instituições participantes, para que desenvolvam ações em conjunto e compartilhem experiências entre si.
Anualmente, a Fundação realiza o Encontro Anual da Rede, no qual reúne as organizações espalhadas por todo o Brasil para discutirem algum tema fundamental ao momento e que impacta diretamente a vida das crianças e dos adolescentes.