Kimberly*, de apenas 3 anos, é filha de pais analfabetos, desempregados e usuários de drogas. Atualmente, ela mora em Salvador – BA com a mãe e a irmã. Seu pai, infelizmente, faleceu em abril deste ano após ter algumas complicações de saúde.
“Nós chegamos até Kimberly após uma vizinha, que tem os filhos matriculados conosco, ter comentado sobre a situação dela e de seus familiares. Ela convive com a mãe e a irmã mais velha em um barraco de madeira, sem infraestrutura. O local não possui saneamento básico, água potável e a energia chega de forma irregular ao imóvel. As meninas estavam sempre na rua em busca de algo para se alimentar, ficando vulneráveis a todos os tipos de violência”, relata Joseilma Passos, diretora do Centro Nossa Senhora Aparecida.
“Ela está conosco desde 2020. Aqui ela tem alimentação garantida e a higiene realizada por nós, pois a casa dela não possui água encanada. O banho, por exemplo, é realizado logo que ela chega aqui na organização”, completa.
Com o passar do tempo, os educadores começaram a perceber que a pequena tinha dificuldades para interagir e não conseguia acompanhar o ritmo de atividades realizadas com outras crianças de sua idade. Certa vez, ela apresentou um quadro de febre seguido por uma crise de epilepsia, até então desconhecida pelos profissionais da organização. Desde então, a instituição mobilizou os familiares para que ela fosse encaminhada para um acompanhamento médico.
Em paralelo ao tratamento, Kimberly começou a frequentar as atividades de artes realizadas na nova sala do Centro Nossa Senhora Aparecida, reestruturada no ano passado com o apoio da Fundação Abrinq: “A reforma da sala de artes foi muito importante. Enquanto uma turma utiliza a sala de artes, outra brinca no ateliê. A sala foi toda equipada com instrumentos de música, teatro de bonecos, mesas de pinturas e jogos de construção, oferecendo um suporte para que possamos desenvolver atividades extraclasse com as crianças”, explica Joseilma.
Graças as ações desenvolvidas com Kimberly no novo espaço, as dificuldades para se comunicar estão cada vez mais sendo superadas pela menina que, agora, está ampliando a sua linguagem e convivência com as outras crianças, bem como desenvolvendo a autoestima necessária para se desenvolver completamente.
“Ela conversa com mais clareza, solicita o material que quer utilizar e tem mais autonomia. Gosta muito do teatro, da mesa de luzes e ama desenhar. Ela entende que está no mundo e faz parte dele, em um lugar que dá oportunidade para ela se reconhecer”, comenta.
A educação infantil é algo mágico, único e essencial na vida de uma criança e frequentar a instituição e participar das aulas de artes está sendo extremamente importante para o bem-estar físico, social e emocional de Kimberly, que teve uma nova oportunidade de ser criança.
* Nome e imagem alterados para preservar a identidade da criança.