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Fundação Abrinq atua para fortalecer coletivos e beneficiar mais crianças e adolescentes

06/04/2022
Fundação Abrinq atua para fortalecer coletivos e beneficiar mais crianças e adolescentes

Os problemas sociais estão cada vez mais evidentes e para enfrentá-los a sociedade tem criado alternativas mais práticas, como é o caso dos coletivos - agrupamentos de pessoas que partilham o mesmo ideal ou causa que acreditam ser os melhores para a sua comunidade. Voluntários que dedicam seu tempo ao território em que vivem em prol de um bem comum. Eles vêm pautando discussões sobre temas diversos, como cultura, gênero, raça, orientação sexual e a criança e o adolescente.

São formados a partir de redes de cooperação e de relações solidárias que surgem das dificuldades criadas pela realidade do cotidiano. O que faz um coletivo ir adiante, tanto em reconhecimento como na efetivação da sua atuação, é quando as suas ações podem ser implementadas.

Os coletivos necessitam de recursos técnicos e financeiros para colocar em práticas as suas iniciativas. Mas, por não serem, em grande parte, legalmente constituídos, têm dificuldades de acesso aos meios de financiamentos legais. Possuem capacidade de adaptação rápida às mudanças, descentralizados, informais, democráticos, atuando por meio de interações cotidianas e vínculos interpessoais. Com isso, muitas ideias inovadoras acabam não atingindo o objetivo desejado ou têm suas ações finalizadas de maneira precoce.

Projeto Coletivos

Considerando o cenário de transformação e os desafios sociais existentes na atualidade, a Fundação Abrinq desenvolveu o Projeto Coletivos, iniciativa que tem como objetivo apoiar e fortalecer coletivos para contribuir com a inclusão social e redução de desigualdades. O projeto se desenvolve a partir do estabelecimento de um primeiro contato com um coletivo de determinado território para, por meio deste ponto de referência, iniciar a mobilização dos demais coletivos da região. Para fomentar a criação de uma rede, são realizadas diferentes ações para promover uma troca de conhecimento e aprendizado mútuos entre a Fundação e os coletivos, por meio de reuniões, encontros formativos e eventos, em que a organização contribuirá para que estes consigam alcançar o impacto necessário em suas ações.

Para Victor Graça, gerente executivo da Fundação Abrinq, “o projeto contribuirá para que a Fundação possa ampliar a sua atuação, aprendendo novas práticas, articulando e realizando ações junto aos coletivos como estratégia para o fortalecimento e o envolvimento da sociedade civil na defesa e garantia de direitos das crianças e dos adolescentes, na implementação de soluções e no apoio de ações locais”.

Fortalecimento de iniciativas em Sapopemba

O Centro Comunitário Joilson de Jesus, localizado na comunidade do Parque Santa Madalena, composto por 20 voluntários, é um coletivo que atua na promoção, prevenção e defesa dos direitos humanos de crianças, adolescentes e seus familiares, do território de Sapopemba, zona leste de São Paulo –SP.

Jaqueline Gnoatto, psicóloga e voluntária do coletivo, conta o motivo da escolha do nome. “No começo da década de 90, na época do surgimento do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDECA), Joilson de Jesus foi acompanhado pelo Projeto Casa das Meninas, que acolhia pessoas em situação de rua, na Praça da Sé e outras regiões do centro de São Paulo. Ele tinha o hábito de realizar pequenos furtos para manter o vício das substâncias tóxicas e acabou furtando um rapaz que, juntamente com outras pessoas, o espancaram até a morte. Quando inauguramos o espaço, optamos por manter a homenagem a ele, que era do território”.

Atualmente, o centro comunitário atende cerca de 140 famílias e 200 crianças e adolescentes em espaço cedido pela Igreja Católica. São realizadas atividades culturais, pedagógicas, formativas, participativas e lúdicas, além de oficinas para a geração de renda em parceria com outros coletivos da região, como o Mandala de Sabores, de culinária, e o Saboaria Artesanal, que ensina mulheres a fabricarem sabonetes.

Jaqueline explica que, no início, o foco do trabalho eram apenas as crianças e os adolescentes, mas depois foi preciso revê-lo. “Com o tempo, percebemos que precisávamos entrar em contato com as famílias das crianças e dos adolescentes, pois os temas que abordávamos com eles eram extremamente importantes: a questão de gênero, raça, convivência comunitária, mediação de conflitos e violência. Porém, não chegavam nas casas deles. Em muitas ocasiões, o ciclo da violência não era rompido. Quando chegou a pandemia, houve uma aproximação das famílias nos procurando pedindo auxílio, em razão da necessidade de conseguir alimentos. Para garantir a segurança alimentar delas, utilizamos este espaço como estratégia para aproximar e reunir as mulheres. Então, começamos com as oficinas de culinária e a de sabonetes. A família é a base”.

O espaço é uma forma das mulheres trabalharem a autoestima e a saúde mental. “Temos relatos de uma mulher que chegou com histórico de depressão e, após frequentar o Mandala de Sabores, deixou os remédios e está feliz e integrada com as demais colegas do espaço. Este resgate é importante”, observa Jaqueline.

No início das atividades, a divulgação dos coletivos acontecia de maneira informal. As pessoas interessadas em atuar como voluntárias do centro comunitário se dirigiam ao local pessoalmente.

Atualmente, a procura ocorre por meio das redes sociais, pela divulgação da atuação do coletivo ou por meio de pessoas do território interessadas em atuar em prol da causa.

Jaqueline conta que a comunicação entre os coletivos acontece em formato virtual. Os grupos de WhatsApp são a forma mais fácil e rápida de se comunicarem, onde realizam o planejamento e preparam as atividades. “É um grupo de pessoas, muito próximo e que tem uma atuação no território de Sapopemba. No grupo, posto as necessidades que preciso: ônibus para determinada atividade, divulgação de rifa, as parcerias que estão acontecendo, as pessoas também acabam divulgam o seu trabalho, as ações que estão sendo feitas, editais que conseguiram, teatros itinerantes. Todos somos nascidos e criados aqui e participamos de outros coletivos da região. Este senso de coletivo, de cooperação, de trabalho em equipe, algo que vem muito da nossa essência e enquanto participação nos movimentos coletivos do território”.

A voluntária explica que todas as atividades e escolhas são decididas em assembleias. “Realizamos com as famílias e com as crianças. São discutidas demandas muito parecidas, porém, trabalhadas de formas diferentes. As crianças realizam gincanas – quem vai ajudar, quais as brincadeiras, quem será responsável pelos lanches, quem irá preparar– elas votam e aclamam, se for aprovado”.

Potencializando ações dos coletivos

Em reconhecimento a importância do trabalho realizado, o Centro Comunitário Joilson de Jesus receberá da Fundação Abrinq, o aporte no valor de R$ 2 mil, de março a dezembro deste ano, com objetivo de apoiá-lo na articulação e ações com outros coletivos do território fortalecendo as atividades locais, bem como fomentar soluções voltadas para as crianças e os adolescentes. Além do apoio financeiro, será oferecido suporte técnico e doação de notebooks e uma impressora.

O coletivo também será contemplado com R$ 5 mil para realizar reforma no espaço, como compra de mesas, cadeiras, pufes e mobiliário para a sala da recepção, incluindo armário e prateleiras, pintura das paredes e manutenção geral da parte elétrica do espaço.

Por meio deste projeto, a Fundação Abrinq atuará para identificar dificuldades e fortalecer os coletivos. “São eles que conhecem a realidade e os problemas locais. Potencializar os coletivos é estimular a atuação que já existe nos territórios. A ideia é que, lá no final, eles tenham autonomia, sejam sustentáveis e consigam implementar, com sucesso, as suas ações”, pontua Victor Graça, gerente executivo da organização.

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