A Fundação Terra, localizada em Arcoverde (PE), enfrentava o desafio de não conseguir atender todas as crianças que aguardavam na fila de espera por uma vaga em creche. Entre elas, estava a Raquel*, com menos de 01 ano.
Sem acesso à educação infantil, sua mãe chegou a recusar alguns trabalhos pontuais, que eram fundamentais para complementar a renda da família residente em uma área rural da cidade.
Quando a situação apertava e não podia recusar a oferta de trabalho, a única alternativa era levar Raquel com ela: “Quando a mãe precisava fazer algum trabalho na roça levava a criança, que acabava ficando em um espaço totalmente inadequado. Mas ao mesmo tempo a mãe não tinha opção. Ela precisava ajudar seu marido, que é agricultor, para conseguir sustentar a família”, conta Katia Araújo, diretora pedagógica da Fundação Terra – Arcoverde.
Até que, no ano passado, a organização se inscreveu no processo seletivo da Fundação Abrinq para participar do Programa Nossas Crianças e foi conveniada. Desde então, muitas coisas mudaram, entre elas a adequação de seus espaços físicos, a implementação de mais uma sala e a contratação de dois profissionais da educação, responsáveis pela nova turma.
Com os recursos e o apoio técnico que recebe mensalmente, a Fundação Terra – Arcoverde conseguiu proporcionar o atendimento em creche para 11 novas crianças e zerar a fila de espera que possuía.
Raquel foi uma das crianças beneficiadas com a vaga e em pouco tempo de atendimento já começou a mostrar o resultado de se desenvolver em um ambiente propício para sua faixa etária.
“Foi bem perceptível o desenvolvimento dela como, por exemplo, a oralidade. Além disso, quando ela chegou ainda não andava e atualmente está andando também”, explica Katia.
Outro aspecto que melhorou foi a alimentação. A criança chegou até a apresentar reações à certos tipos de alimentos. Com o apoio de uma nutricionista, a organização conseguiu perceber que os sintomas apresentados, como diarreia, estavam relacionados à adaptação alimentar que ela passava no momento e não, necessariamente, à alguma restrição.
Katia relata que a pequena não é a única que marca presença no espaço escolar: “A família é muito presente apesar de todas as dificuldades. A mãe se baseia muito no que é feito em sala de aula, percebemos que ela tenta reproduzir do jeito dela em casa o que vê na creche, porque sabe que vai estimular o desenvolvimento da filha”.
Com a pandemia, a Fundação Terra – Arcoverde precisou adaptar suas atividades e seu atendimento para as crianças. Seguindo as medidas de isolamento social, a instituição uma vez por mês visita as famílias para entregar cestas básicas e aproveita o momento para levar um kit pedagógico com atividades planejadas para o mês.
“Nós entregamos os kits com a indicação do que as crianças precisam fazer na primeira semana, na segunda, na terceira e na quarta, até que chegue a próxima entrega”, comenta.
Para as famílias que possuem acesso ao WhatsApp, como a da Raquel, a organização também realiza o acompanhamento online com envio de vídeos explicativos e suporte para dúvidas.
“Essa parceria com a Fundação Abrinq permitiu que qualificássemos os nossos serviços e atendêssemos essas crianças. Se não fosse isso talvez elas ainda estivessem na fila de espera”, finaliza Katia.
Graças ao apoio de inúmeras pessoas, Raquel teve o seu direito à educação de qualidade garantido e agora se desenvolve com autonomia e segurança.
Infelizmente, apenas 28,6%** das crianças, de 0 a 3 anos, possuem acesso à creche no Brasil. A sua ajuda pode fazer com que mais crianças tenham acesso à um espaço seguro e uma educação de qualidade. Clique aqui e faça uma doação hoje.
* Nome e imagem alterados para preservar a identidade dos envolvidos.
** Fonte: Ministério da Educação (MEC), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e Diretoria de Estatísticas Educacionais (Deed).