Em uma iniciativa que reuniu diferentes coletivos periféricos no centro de São Paulo - SP, a Fundação Abrinq, por meio do Projeto Coletivos, conduziu um evento aberto ao público no dia 28 de outubro, com o objetivo de debater a realidade de crianças e adolescentes que vivem em territórios periféricos no Brasil.
Denominado Evento Coletivos, a ocasião também marcou o encerramento do apoio da Fundação Abrinq aos cinco coletivos periféricos de São Paulo - SP, integrantes do primeiro grupo do Projeto Coletivos. Ao longo dos últimos anos, esses coletivos receberam apoio financeiro mensal, orientações técnicas e compartilhamento de boas práticas, fortalecendo significativamente o trabalho realizado diretamente com as crianças e os adolescentes no dia a dia.
O evento foi estruturado em mesas temáticas que abordaram temas pertinentes à realidade e aos desafios enfrentados pelos coletivos. A primeira mesa, intitulada Intersecções entre o brincar e o combate ao racismo, contou com a mediação de Tamires Purificação, da Fundação Abrinq, e a participação de diversas lideranças, como Mábia Rodrigues, do Coletivo Brincando na Kebrada; Viviane Malika, do Coletivo Espelho, Espelho Meu; Joellen Lima, liderança da UNEafro; e Andreza Delgado, co-criadora da PerifaCon. Durante a discussão, os participantes exploraram como o ato de brincar pode ser uma ferramenta crucial na conscientização de crianças e adolescentes sobre o racismo.
“Além de sair muito provocada, com uma nova perspectiva sobre o brincar, eu também enxergo esta construção na qual trazemos a brincadeira em uma abordagem séria, detalhando o trabalho das pessoas atuantes nas periferias e isso é sensacional. Nós mostramos essa periferia que é potente e tem muita gente fazendo muita coisa. Esta reunião de pessoas e esta troca é muito importante. Saio daqui, hoje, muito instigada e feliz”, compartilha Andreza Delgado.
A segunda mesa, com o tema O direito à cidade e as barreiras para a infância e adolescência no seu acesso, reuniu palestrantes renomados, como Bruno Ramos, colunista da Mídia Ninja, que mediou a conversa; Rosangela Calegari, do Centro Comunitário Joilson de Jesus; Fernando Ferreira, do Espaço Cultural Jardim Damasceno; Lucas Afonso, artista e campeão do Slam Brasil; e Elaine Mineiro, vereadora do Quilombo Periférico. Juntos, eles abordaram os principais desafios enfrentados pelas crianças e pelos adolescentes no acesso ao lazer, à cultura e à melhores condições de desenvolvimento.
“Um evento como este é muito importante, uma vez que os coletivos podem se encontrar e trocar experiências e informações, ampliando suas redes de contato. Trata-se de um momento de partilha, onde podemos aprender sobre como tratar as crianças nas comunidades. Às vezes, um coletivo atua perto de você e nós nem sabemos. E o trabalho dele pode complementar o nosso e contribuir com o bem-estar das crianças e dos adolescentes”, afirma Edson, do Coletivo Espelho, Espelho Meu, presente na ocasião.
Para Victor Graça, gerente executivo da Fundação Abrinq, “entender os principais desafios e o potencial de cada coletivo foi um processo único durante o apoio da Fundação Abrinq ao primeiro grupo de atividades. Sinto que estes coletivos, hoje, têm melhores condições de atender as crianças e os adolescentes de suas regiões. É isso que faz o trabalho valer a pena”, comenta.
Ao final do evento, foi lançada a publicação Projeto Coletivos: Transformando a Infância e Adolescência nas Periferias, que destaca os trabalhos e resultados do primeiro grupo de coletivos apoiados pela Fundação Abrinq. A publicação é uma verdadeira expressão das produções desenvolvidas por crianças atendidas pelos coletivos, estreitamente vinculadas à atuação de cada um. Ao longo do primeiro ciclo do projeto, mais de 300 crianças e adolescentes foram beneficiados.
Para ter acesso à publicação, clique aqui.