É na educação infantil que a criança começa a aprender aspectos importantes como o desenvolvimento físico, psíquico, social, inicia a alfabetização e sua interpretação do mundo. No entanto, ter acesso à educação infantil de qualidade, em especial nos primeiros anos, ainda é um desafio para milhares de crianças no Brasil. Dados do Ministério da Educação apontam que apenas 29,8% das crianças frequentam a creche.
O indicador está longe de ser o ideal para a meta estabelecida pelo Plano Nacional da Educação (PNE), no qual prevê que até 2024 pelo menos 50% das crianças tenham acesso à esta etapa de ensino.
A infraestrutura dos estabelecimentos de educação infantil é outro ponto que chama atenção: 36% das creches não possuem acesso à rede pública de esgoto, o que representa mais de 25 mil estabelecimentos, 18,51% não possuem acesso a rede geral de distribuição de água, mais de 13 mil creches, e 1,3% não têm abastecimento público de energia elétrica, o que totaliza 905 instituições.
“A educação infantil é uma das etapas mais importantes do desenvolvimento da criança. É por meio dela que são trabalhados aspectos fundamentais para a vida presente e futura. Muito do que se desenvolve na etapa da creche não é recuperável em outras fases. Por isso, a Educação precisa ser tratada como prioridade, levando em conta as especificidades de cada etapa”, relata Victor Graça, gerente executivo da Fundação Abrinq.
Para melhorar a qualidade da educação infantil e oferecer uma melhor infraestrutura, com mais segurança, conforto, aprendizado e diversão para as crianças, a Fundação Abrinq e o Instituto Cyrela, há 6 anos, reformam espaços infantis, em diversas regiões do Brasil. Neste ano, cinco creches localizadas em Guaianases, Pirituba e Santo Amaro, na cidade de São Paulo – SP foram ganhadoras do edital e recebem apoio para a melhoria em suas práticas de atendimento, seja pela ampliação do repertório pedagógico ou reforma dos espaços existentes.
“Acreditamos que a Educação transforma a sociedade como um todo e temos a esperança de um futuro melhor para os nossos filhos e netos, só assim conseguimos fazer essa transformação. Por acreditar nisso, estamos muito felizes em fazer parte do Programa Creche para Todas as Crianças, da Fundação Abrinq, e poder investir, ver a melhora dos espaços e o quanto podemos proporcionar uma qualidade de vida melhor para os educadores e para as crianças. É muito bom quando chegamos em uma escola e vemos isso realizado, prova que de fato estamos no caminho certo. Isso nos encanta, pois sabemos que, de alguma forma, estamos impactando e ajudando a Educação”, explica Andreza Batista, analista de projetos do Instituto Cyrela.
Conheça cada uma das instituições reformadas:
Centro de Educação Infantil Efigênia Angelo Guilherme
Em um dos bairros do extremo leste de São Paulo, mais especificamente no Jardim Perola III, está localizado o Centro de Educação Infantil (CEI) Efigênia Angelo Guilherme, que atende 102 crianças, de 0 a 4 anos.
Há algum tempo, a instituição precisava fazer alguns ajustes em diversos ambientes da unidade como instalar telas nas janelas, colocar uma coifa na cozinha e até mesmo reparos como pintura e compra de brinquedos. Com o apoio da Fundação Abrinq e do Instituto Cyrela, o que era apenas um desejo, apesar de necessário, tornou-se finalmente realidade.
“Aqui é uma comunidade muito carente. Nós temos casos em que os pais das crianças usam entorpecentes e bebidas alcóolicas. Tem uma criança que, às vezes, está brincando e começa a chorar falando — você liga para o meu pai e fala com ele? Eu esqueci de falar que não era para ele beber hoje. Então essa parceria com a Fundação Abrinq é muito importante porque a criança foge totalmente da realidade de casa”, explica Eronilde Aparecida, diretora do CEI.
Além dos reparados físicos, como a instalação de chuveiros elétricos, da coifa, telas nas janelas, ventiladores, torneiras e até tomadas, a Fundação Abrinq doou livros e brinquedos novos para que a instituição pudesse melhorar o atendimento pedagógico com as crianças.
“Nós tivemos algumas reformas como a coifa da cozinha, que antes não tinha saída de ar, então quando cozinhávamos, ficava um cheiro muito forte no ambiente, a pintura também melhorou bastante. Nós já tínhamos muitos brinquedos, mas a Fundação trouxe outros que saem um pouco do padrão, mas não fogem da Educação. As crianças ficaram encantadas”, completa Solange dos Santos, coordenadora.
Também foi doado um computador para que os professores pudessem participar da formação proposta pela parceria.
“O CEI já é muito bom e a Fundação Abrinq veio para complementar mais ainda o nosso trabalho pedagógico e com a comunidade. Tivemos um engajamento muito positivo”, finaliza Solange.
Centro de Educação Infantil Barra Manteiga
Crianças aprendem a todo momento. Quando pequenas, as interações e as brincadeiras são os principais mediadores das suas aprendizagens. O nome do CEI Barra Manteiga faz uma referência a uma antiga brincadeira de criança. “Sempre quisemos vincular os nomes das creches que administramos ao universo infantil. É uma marca do instituto”, conta Renata Mora, diretora da unidade e mantenedora do Instituto Jornada Pelo Desenvolvimento (JPD).
Localizado no bairro da Vila Inacio, zona oeste de São Paulo, o centro atende 93 crianças, de 0 a 4 anos, do berçário ao mini II. “Procuramos oferecer um trabalho voltado ao desenvolvimento integral das crianças, com autonomia, estimulando a construção de vínculo entre o professor e a criança. Uma das propostas que adotamos há alguns anos e que tem sido bem positiva: o professor assume a criança lá no berçário e ele a acompanha até o mini II, criando um vínculo maior com ela e com a família”.
Ao chegar à creche, já é possível perceber o ambiente reformado e acolhedor pela pintura da área externa do prédio. No parque, além de livros infantis e instrumentos musicais, os novos brinquedos externos fazem sucesso entre os pequenos. “A mudança no parque deu outra vida à escola. Ele é o nosso cartão de visita. Deu um novo ânimo aos professores e às crianças. Quando elas chegavam à escola e viam as mudanças, elogiavam a nova cor e a casinha de brinquedo. É uma motivação para todos nós”, relata, animada, a diretora.
Fernanda Ribeiro, coordenadora pedagógica da escola compartilha a felicidade de trabalhar com os pequenos em um espaço mais bonito e renovado. “A nossa escola sempre foi bonita, mas ficou linda. Está com uma pintura vibrante, não imaginava que ficaria ainda mais viva e alegre para as crianças brincarem, aprenderem e explorarem. As professoras conseguem trabalhar mais propostas pedagógicas com elas aqui neste novo ambiente”.
Quando soube do edital, Renata revela com entusiasmo que já imaginava o que poderia ser feito em termos de melhorias, principalmente na área do parque. “Sobre o parque, eu pensei em colocar tudo em um único lugar: brinquedos e livros, que fosse um espaço único das crianças. Sempre tivemos a ideia de fazer isso, mas tínhamos outras prioridades mais urgentes. Então, quando surgiu o edital da Fundação Abrinq e do Instituto Cyrela, foi a oportunidade certa para realizarmos este desejo. Deu certo!”.
Centro de Educação Infantil Misericórdia II
A alegria estava estampada nos olhos das crianças do CEI Misericórdia II, localizado no Parque Taipas, em Pirituba, zona oeste de São Paulo. Ao entrar na escola, já era possível observar a pintura fresca e alegre em tons de amarelo e azul e muitos brinquedos e livros disponíveis para os pequenos. São atendidas 74 crianças, de 0 a 3 anos, do berçário ao mini II, em período integral.
“Ficamos muito contentes quando soubemos que fomos contemplados com as reformas. Tínhamos a ideia de reformar o sótão, que estava vazio. Precisávamos utilizá-lo como depósito e, arrumando lá, conseguiríamos liberar um espaço maior para as crianças. Fizemos as janelas, a iluminação e a escada de acesso a ele”, conta Jaqueline Lima, diretora da unidade.
“Graças a esta reforma, pudemos trocar o piso das salas dos professores e da direção; colocamos toldos para as crianças brincarem na parte externa em dias de muito sol; recebemos livros infantis e brinquedos novos; triciclos; móvel da TV; no berçário I, foi colocada uma prateleira para que os colchões ficassem suspensos e liberasse um espaço na sala para que os bebês pudessem brincar. Quando colocamos no papel é uma coisa, mas quando olhamos e vemos que tudo o que foi idealizado foi realizado, todos nos sentimos mais animados. O espaço está bonito, colorido e é um incentivo para colocarmos em prática aquilo que acreditamos”, conta, emocionada, Jaqueline.
Sabrina Pelissário, coordenadora da escola, conta que o apoio na reforma por parte da Fundação Abrinq e do Instituo Cyrela representou um ganho enquanto organização. “Foi um ganho para nós, em melhor qualidade de espaço, mobiliários e brinquedos novos, além de oportunidades que as crianças estão tendo, pois conseguimos implantar outras propostas com elas de brincar e aprender”.
Centro de Educação Infantil Arte de Brincar
As crianças do CEI Arte de Brincar estão muito felizes com a quadra nova da escola. Brincar, correr e realizar atividades físicas em um local novo e bonito é um estímulo a mais para os pequenos. A unidade está localizada em Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo e atende 80 crianças, de 0 a 4 anos, em período integral, do berçário ao mini II.
Além da quadra, como o prédio é antigo, foram necessárias as trocas de grades enferrujadas; levantamento de paredes na lateral com colocação de tela; pequenas reformas nos sanitários das crianças, como a troca das cubas, e a instalação de torneiras acessíveis para elas, bem como no sanitário dos funcionários.
“Quando chegaram as doações de livros e brinquedos, os professores ficaram muito entusiasmados. A quadra de esportes era uma necessidade das crianças. O espaço permite que elas conheçam os esportes como o futebol, basquete, vôlei, entre outros e já comecem a praticar. Ficou lindo o local”, conta Gilvânia Rodrigues, diretora da unidade.
Centro de Educação Infantil Elite
Em julho, foi reformado o pátio externo do CEI Elite, localizado na zona leste de São Paulo. Com a readequação, 139 crianças agora dispõem de materiais pedagógicos, brinquedos novos e um ambiente mais adequado e seguro para as brincadeiras.
O parque foi reformado proporcionando um ambiente mais adequado às brincadeiras e atividades lúdicas para as crianças. “O resultado foi muito positivo. Fomos beneficiados com um material pedagógico rico e um espaço em área livre mais saudável e aconchegante tanto para as crianças, quanto para os profissionais que trabalham aqui. Foram melhorias que vieram para nos beneficiar e as crianças e os pais adoraram. Afinal, quem não gosta de coisa nova, né? Os livros também tiveram um impacto muito grande no nosso dia a dia”, comenta Daiany Sousa, professora de educação infantil.
“A Fundação Abrinq foi muito importante e ressignificou o nosso trabalho nas práticas pedagógicas, tanto na questão da reforma, como da formação, que foi excelente para os nossos professores. A comunidade toda ficou muito feliz, porque era uma coisa que realmente estávamos precisando. Vimos da nossa necessidade, uma oportunidade de melhorar os espaços, trazendo algo melhor para os nossos alunos”, afirma Raquel Feliciano, diretora da unidade.
Transformando os olhares dentro da sala de aula
As crianças não foram as únicas beneficiadas pela parceria da Fundação Abrinq e do Instituto Cyrela. Os professores das creches selecionadas para as reformas também receberam uma formação sobre temas pertinentes à educação infantil e até ao momento atual da pandemia.
“Eu tive o privilégio de participar da formação e para mim foi muito bom. Mudou totalmente o meu olhar, até criar e desenvolver as minhas estratégias e metodologias de ensino. A formação proporcionou mais conhecimento, falou sobre as especificidades do desenvolvimento infantil, principalmente na área do cognitivo, no quanto as vezes nós julgamos a criança pela idade, por ser pequena pensamos que não tem capacidade e pelo contrário”, explica Adriana Ramos, professora do berçário II do CEI Efigênia Angelo Guilherme.
Ao ser questionada se foi possível verificar alguma diferença no comportamento das crianças, após a parceria com a Fundação Abrinq, Adriana confessa que a mudança mais perceptível foi feita nela: “eu mudei o meu jeito de olhar para as crianças, passei a ter um olhar mais sensível, de deixar elas serem protagonistas e dar liberdade para elas terem o momento delas. Não é porque eu planejei uma atividade que eu preciso impor ela. Por exemplo, a criança traz alguma coisa que aprendeu em casa e compartilha na escola, eu passei a usar como ponto de partida, dando mais voz para elas e usando isso como positivo para o desenvolvimento integral da criança e para o desenvolvimento das minhas estratégias de ensino também”, afirma.
Conheça os temas abordados ao longo da formação:
• Planejamento e rotina;
• Concepção de infância;
• O brincar na educação infantil;
• Contação de histórias;
• Brincadeiras em contexto de pandemia;
• Organização de acervos;
• Protocolos sobre a COVID-19.
Fonte dos dados sobre infraestrutura: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e Diretoria de Estatísticas Educacionais.