A primeira semana de agosto, entre os dias 1 e 7, é considerada a Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM). Criada pela Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação (WABA – sigla em inglês), a iniciativa ocorre em mais de 120 países com o intuito de conscientizar as pessoas sobre a importância da amamentação. No Brasil, o Ministério da Saúde é o responsável pelo desenvolvimento da SMAM, que anualmente define um tema a ser trabalhado em prol da prática.
Neste ano, o tema selecionado foi Proteger a Amamentação: Uma responsabilidade de todos. Para isso, divide as ações em quatro etapas:
• Informar as pessoas sobre a importância de proteger o aleitamento materno;
• Apoiar o aleitamento materno como uma responsabilidade vital para a saúde pública;
• Se articular com indivíduos e organizações para buscar maior impacto;
• Desenvolver ações sobre a proteção do aleitamento materno para melhorar a saúde pública.
Instituído pela Lei nº13.435/2017, agosto também passou a ser considerado o mês do aleitamento materno no Brasil. Intitulado como Agosto Dourado, o movimento visa promover ações que estimulem a prática. A cor dourada foi selecionada para representar o padrão ouro de qualidade do leite materno.
Mas, afinal, por que a amamentação é tão importante?
O leite materno é o melhor alimento que pode ser ofertado ao bebê, dado que ele contém todos os nutrientes necessários de acordo com cada etapa de desenvolvimento, facilita a digestão, hidrata e protege contra doenças infecciosas e alergias, assim como melhora a resposta à vacinação e diminui as chances de mortalidade infantil. O ideal é que o leite materno seja o único alimento ingerido pelo bebê até os 6 meses de vida e complementar até 2 anos ou mais.
Além de ser fundamental para o bebê, a amamentação também proporciona inúmeros benefícios para a mãe e a família, por exemplo, reduz a depressão pós-parto, diminui a incidência de câncer de ovário e mama, evita o gasto com alimentos alternativos, aumenta o vínculo entre a mãe e o bebê, entre tantos outros.
Apesar de todos os pontos positivos, muitas mães ainda enfrentam, diariamente, inúmeros desafios que podem dificultar a amamentação exclusiva, como a falta de apoio da família, a falta de orientação sobre a prática, o retorno ao trabalho antes que o bebê complete 6 meses e até mitos de que o leite materno sozinho não sustenta a criança. Todos esses fatores refletem diretamente no índice de aleitamento materno no Brasil. De acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), 54% dos bebês de até 6 meses receberam aleitamento materno exclusivo em 2020. O indicador retrata o aumento de um ponto percentual comparado a 2019, quando a taxa nacional ficou em 53%.
Confira os índices de aleitamento materno exclusivo por regiões:
O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil 2019 (ENANI) indica que a prevalência do aleitamento materno exclusivo entre os bebês de 6 meses aumentou 42,8 pontos percentuais entre 1986 e 2020.
“A melhora no percentual pode ser atribuída as ações de promoção, proteção e apoio que foram intensificadas nos últimos anos. Também foram criadas políticas nacionais de apoio ao aleitamento materno como a estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Criança, a NBCAL [Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras], e tantas outras que facilitam o acesso à informação e o engajamento de cada vez mais pessoas e profissionais qualificados no assunto. Tudo isso reforça que o sucesso da amamentação é uma responsabilidade compartilhada”, explica Cintia Cunha, líder da área de Saúde da Fundação Abrinq.
Além de promover a saúde integral para a dupla mãe e bebê e ser um direito previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o aleitamento materno tem impactos positivos, inclusive, na mortalidade infantil, se tornando uma maneira econômica e eficaz de prevenção, intervenção e redução dos óbitos por causas evitáveis.
Amamentação em meio à pandemia
Com o início da pandemia causada pela COVID-19, muitas dúvidas surgiram sobre a prática, no entanto, o aleitamento materno continua sendo recomendado. Isso porque a transmissão da doença se dá pelas vias respiratórias (boca e nariz) e não por meio do leite materno. Seguindo os cuidados necessários é possível manter uma amamentação saudável e segura. Para a Dra. Maria Gomes, médica e pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira/FIOCRUZ, “os benefícios da amamentação superam qualquer risco de contágio entre a mãe e o bebê”.
O leite materno é capaz de fornecer anticorpos que protegem os bebês contra muitas infecções. Alguns estudos, inclusive, indicam que o leite humano de mães infectadas pelo Coronavírus ou que já tenham se vacinado possui anticorpos contra o vírus, podendo desempenhar um papel importante na proteção do bebê neste período.
No entanto, alguns cuidados adicionais são fundamentais para ter uma amamentação saudável e sem riscos em meio a uma das piores crises sanitárias, especialmente se a mãe apresentar algum sintoma de gripe. São eles:
• Lavar as mãos ou utilizar álcool gel 70% sempre que for manter contato com o bebê;
• Evitar falar ou tossir durante a amamentação;
• Evitar tocar as mãos do bebê, pois ele pode leva-las até a boca;
• Usar máscara cobrindo totalmente o nariz e a boca;
• Evitar a circulação em locais públicos ou com aglomeração de pessoas.
Sinais de que está indo tudo bem com a amamentação
• A mãe aparenta estar saudável e relaxada, mantendo vínculo com o bebê;
• O bebê procura o peito sempre que sente fome;
• A mãe não está com desconforto ou sentindo dor na mama.
Aleitamento materno: um guia para toda a família
Todos os anos, a Fundação Abrinq divulga novas informações e realiza ações para incentivar o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e complementar até os 2 anos.
Para explicar como toda a família pode se envolver e ajudar na amamentação, bem como esclarecer possíveis dúvidas sobre o assunto, ela produziu o e-book Aleitamento materno: um guia para toda família. Disponível gratuitamente para download aqui.
“A sensibilização sobre esta temática ainda é um desafio, então esses materiais vão chegar de fato em quem necessita de informação. O e-book é muito importante para a promoção do aleitamento materno exclusivo e complementar. Ele resume de forma clara e gratuita para a família as orientações que ela de fato precisa ter para o sucesso do aleitamento materno”, finaliza Cintia.
Faça parte deste movimento e estimule a prática também! Clique aqui para mais informações sobre o tema.