No dia 18 de maio, o coletivo Brincando na Kebrada realizou uma ação no bairro de Ermelino Matarazzo, localizado na Zona Leste de São Paulo - SP, com crianças e adolescentes de 6 a 14 anos de idade que frequentam o Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) Casa da Criança, para apresentar algumas adaptações de brincadeiras populares em diferentes nações africanas, como forma de introduzir o conhecimento sobre as diferentes culturas do continente no dia a dia das crianças e dos adolescentes da região.
O coletivo Brincando na Kebrada é conveniado ao Projeto Coletivos, da Fundação Abrinq, e recebe, mensalmente, apoio técnico e financeiro da instituição para desenvolver atividades e novas ações que beneficiem crianças e adolescentes da comunidade onde está inserido. Trata-se de um coletivo de mulheres pretas, periféricas e mães solo que acredita na potência das infâncias, no desenvolvimento saudável e na construção das relações com os outros, com o território e consigo mesmo por meio do brincar.
De acordo com Mineia de Oliveira, idealizadora e gestora do coletivo: “Essa atividade que fizemos hoje, valorizando as vivências afrodiaspóricas*, é importante pois podemos compartilhar com as crianças algumas brincadeiras novas, assim como podemos falar sobre a história do berço da humanidade. Trata-se, também, de um combate ao racismo, que por meio das brincadeiras, fica muito mais lúdico”.
Durante o dia, o coletivo utilizou uma quadra comunitária para realizar diversas brincadeiras, como a Pegue o bastão, originária do Egito, que consiste em formar um círculo com as crianças segurando bastões, fazendo com que as crianças se movimentem para o lado e ocupem o lugar do colega sem deixar o bastão cair.
Outra brincadeira muito apreciada pelas crianças e pelos adolescentes presentes foi a Amarelinha africana, adaptada de Moçambique. Trata-se de uma atividade rítmica, que se baseia na constância dos movimentos marcados por uma canção e palmas. Em um campo dividido em diversos quadrados, a brincadeira durou até que todas as pessoas passassem por todos os quadrados, cantando uma canção local.
“Nós temos uma parceria de anos com o Brincando na Kebrada e sinto que é muito importante esse espaço para brincar. Hoje em dia, com a violência, as crianças não encontram muitos locais para desenvolverem brincadeiras. Os coletivos, muitas vezes, são importantes para isso, para voltar com esse hábito de brincar. Se nós, que somos adultos, gostamos de brincar de vez em quando, imagine eles”, explica Cristiane Pinheiro, educadora social do CCA Casa da Criança.
“Estou me sentindo muito feliz. Hoje eu conheci brincadeiras que eu nem imaginava, que são de outros países. Aprendi que não são só as nossas brincadeiras que são legais. Esse dia me deu mais curiosidade para saber sobre outros países, principalmente os que são da África”, conta Nicole, uma das crianças que participaram da ação.
A ação do coletivo Brincando na Kebrada foi recebida com entusiasmo pelas crianças e pelos adolescentes presentes no dia. A iniciativa proporcionou não apenas momentos de alegria, mas também contribuiu para o fortalecimento da identidade cultural das crianças, promovendo o respeito e a valorização da diversidade.
Projeto Coletivos
Por meio do Projeto Coletivos, a Fundação Abrinq busca obter uma rica troca com coletivos periféricos atuantes na causa da defesa dos direitos e da cidadania de crianças e adolescentes, contribuindo para que eles potencializem o impacto que almejam alcançar e, em retorno, auxiliem a instituição a ampliar a sua atuação com novos conhecimentos e práticas.
A Fundação Abrinq abriu, recentemente, um novo edital para selecionar coletivos que trabalham com a pauta da infância e adolescência em todo o Brasil. A iniciativa visa apoiar 25 novos coletivos durante o ciclo 2023-2024, proporcionando recursos técnicos e financeiros para o desenvolvimento de atividades e ações que fortaleçam a presença dos grupos nas comunidades em que estão inseridos.
Para mais informações, clique aqui.
*O termo “afrodiaspórico” é compreendido como algo que se expandiu no mundo por meio da diáspora, ou seja, por meio da migração forçada dos povos africanos.