Voltada para a convivência e fortalecimento de vínculos, a Associação Lar do Pequeno Assis, localizada em Campo Grande (MS) atende crianças e adolescentes até os 16 anos.
Em seu dia a dia passou a perceber a necessidade de falar sobre violência com as crianças, como uma maneira de prevenir e combater a violação doméstica e até sexual, mas sem uma profissional para retratar o assunto, a associação só conseguia abordá-lo de maneira superficial, muitas vezes, em campanhas.
Para reverter o cenário, a instituição inscreveu o Projeto Alegria, que trabalha o tema com crianças de 4 a 6 anos, no edital da Fundação Abrinq. Após aprovado, recebeu apoio técnico e financeiro durante 2 anos.
“Nós fizemos esse projeto para trabalharmos a prevenção e identificação da violência, em especial a sexual, porque percebemos que algumas crianças teriam indícios”, explica Jeniffer Silva, assistente social da associação.
Com os aportes mensais, a associação pôde contratar uma psicóloga e uma professora de música para trabalharem de maneira lúdica o tema com as crianças. Também passou a receber orientações do que poderia mudar ou melhorar no projeto e organização como um todo.
Com o apoio das novas profissionais, foi criada uma metodologia lúdica que usou a música como principal método de trabalhar o assunto com as crianças, garantindo que ele pudesse ser compreendido por todas. Inicialmente, foi realizada uma ação para que elas entendessem quem são e aprendessem sobre o próprio corpo, posteriormente as crianças aprenderam sobre o outro e a necessidade de respeitar cada pessoa, construindo, assim, uma dinâmica pedagógica.
“Fomos acompanhados o tempo todo e ter esse apoio técnico de trabalho mudou bastante o nosso olhar sobre a criança e o adolescente, a forma de trabalhar, de criar autonomia para que a criança possa se fortalecer e falar sobre seus sentimentos. A nossa visão mudou bastante”, conta Jeniffer.
Para que o projeto fosse eficaz, também foram realizadas atividades com os pais, como palestras e dinâmicas sobre educação positiva, bullying e momentos de brincadeira e descontração entre os pais e os filhos — proporcionando maior interação entre eles.
Como resultado, a instituição conseguiu, por meio de muitas músicas, desenhos e brincadeiras, inserir a temática nas atividades e fazer com que as crianças entendessem o que pode ou não, o que é certo ou errado e falar abertamente sobre a violência em geral.
Quando havia suspeita de que alguma criança estava sofrendo qualquer tipo de violação, a organização encaminhava o caso para o Conselho Tutelar, fazendo com que a rede prosseguisse com o acompanhamento. Jeniffer relata que a associação chegou, inclusive, a presenciar um acolhimento por violência doméstica, mas que no final acabou tudo bem e o problema foi solucionado.
Confira outras melhorias na organização
A execução do projeto não foi o único resultado da Associação Lar do Pequeno Assis. Com o apoio da Fundação Abrinq, a organização também conseguiu melhorar sua infraestrutura e alimentação ofertada para as crianças e os adolescentes beneficiados.
“Compramos cadeirinhas e mesinhas novas para a sala, tatame, brinquedos, coisas que não tínhamos. Pintamos a área externa e demos um ar mais lúdico e colorido para a instituição”, relata Jeniffer. A readequação da sala proporcionou a ampliação de 29 vagas na associação.
A assistente social também conta que com o recurso foi possível melhorar a alimentação das crianças e dos adolescentes inserindo itens que, muitas vezes, a organização não tinha como comprar: “Conseguimos melhorar principalmente a proteína como a carne e o frango, que são coisas caras de se comprar e essenciais para as crianças, pois muitas vezes elas só comem aqui”, completa.
Apesar do convênio com a Fundação Abrinq ter acabado, Jeniffer relata que a associação permanecerá com as melhorias realizadas e, principalmente, com as profissionais contratadas. Agora, a organização almeja ampliar o Projeto Alegria, que beneficiou 61 crianças, para outras turmas e séries. Dessa forma, a prevenção e o combate à violência será disseminado para mais crianças e adolescentes.
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