A dengue é uma preocupação de saúde pública significativa no Brasil. O país tem sido historicamente afetado por surtos da doença devido a uma combinação de fatores, incluindo clima favorável para a reprodução do mosquito Aedes aegypti, condições socioeconômicas que propiciam o acúmulo de água parada, além de uma urbanização rápida e desordenada.
É causada por um dos quatro sorotipos do vírus da dengue (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4) e seus sintomas podem incluir febre alta, dores musculares e articulares, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, erupção cutânea e fadiga. Em casos mais graves, pode ocorrer dengue grave ou dengue hemorrágica, caracterizada por sangramento, queda súbita da pressão arterial, danos aos órgãos vitais e, em casos extremos, morte. Os sintomas de dengue em crianças podem variar, também incluem os mesmos sintomas, mas, em casos mais graves, podem apresentar sangramento nas gengivas, nariz ou pele, vômitos persistentes, dor abdominal intensa e dificuldade para respirar.
A situação da dengue no Brasil em 2024
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, o Brasil já registrou mais de 740 mil casos da doença este ano, com 151 mortes confirmadas e outras 501 sob investigação. De acordo com as informações fornecidas pelo Painel de Monitoramento das Arboviroses, Minas Gerais registra o maior número de casos prováveis (que ainda esperam confirmação), totalizando 258.194 ocorrências.
Em seguida, os estados com maior número de casos são São Paulo, com 124.597 registros, seguido pelo Distrito Federal, com 83.284, Paraná, com 75.499, e Rio de Janeiro, com 55.187.
Nova vacina: Qdenga
Este ano, o Ministério da Saúde incorporou ao Sistema Único de Saúde a primeira vacina contra a dengue na história do país. Denominada Qdenga, o imunizante foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em 2023 e já era disponibilizado por clínicas e laboratórios particulares.
A vacina contém o vírus da dengue modificado e é composta por quatro sorotipos diferentes. Pode ser aplicada em pessoas de 4 a 60 anos como forma de prevenção à doença e sua aplicação é feita em duas doses, com um intervalo de 90 dias entre elas.
Pessoas que já tiveram dengue como as que não tiveram podem se vacinar. No entanto, o imunizante não é indicado para alguns grupos específicos, como: pessoas com imunodeficiência, lactantes, gestantes ou pessoas que passam por algum tipo de tratamento com imunossupressores.
A estratégia de vacinação
De acordo com Eder Gatti, diretor responsável pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), “é muito importante que as pessoas entendam que essa não é a solução final para a dengue, nem para este momento de alta incidência que vivemos no verão de 2024. Ao entender a importância da vacina, o Brasil requisitou toda a capacidade de entrega do laboratório produtor, que garantiu ao país pouco mais de 6 milhões de doses... por isso, o Brasil vai seguir a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de focar a vacinação em áreas de alta transmissão, principalmente em crianças e adolescentes”.
Ainda segundo Eder, o planejamento é “vacinar crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de idade em alguns municípios prioritários, baseando-se em alguns critérios. A ideia é trabalhar em alguns municípios prioritários, com mais de 100 mil habitantes e com alta transmissão de dengue registrada nos últimos 10 anos. Além disso, os municípios também foram ranqueados de acordo com o nível de transmissão nos últimos seis meses e pela detecção do sorotipo 2 do vírus da dengue no mês de dezembro”.
Consulte o posto de saúde mais próximo de sua casa para mais informações sobre a vacinação.
A prevenção contra a dengue continua
Mesmo com a importância da vacina, os cuidados contra a proliferação do mosquito ainda continuam. “A vacina é mais uma estratégia. Não podemos abrir mão de todas as outras medidas de controle da doença. As pessoas precisam seguir controlando os criadouros dentro de seus domicílios e propriedades”, afirma Eder Gatti.
Confira cinco dicas para evitar a proliferação do mosquito da dengue e se previnir
1 - Eliminação de criadouros: conforme dito pelo diretor do Programa Nacional de Imunização, é fundamental o cuidado com os criadouros dos mosquitos. Por isso, incentive vizinhos, amigos e familiares a eliminar recipientes que possam acumular água parada, como pneus velhos, vasos de plantas, garrafas vazias, recipientes de água, etc. O Aedes aegypti se reproduz em água parada, portanto, remover esses criadouros é fundamental.
2 - Manutenção de áreas públicas: é importante que as autoridades locais estejam envolvidas na limpeza e manutenção de áreas públicas para eliminar possíveis criadouros do mosquito. Isso inclui a limpeza de terrenos baldios, remoção de lixo e detritos, e desobstrução de sistemas de drenagem.
3 - Descarte adequado de lixo: eduque conhecidos sobre a importância do descarte adequado de lixo para evitar o acúmulo de água parada em recipientes descartados de forma inadequada.
4 - Mantenha recipientes de água cobertos: tonéis, caixas d'água, e outros recipientes de armazenamento de água devem ser devidamente cobertos para evitar a entrada de mosquitos.
5 – Limpeza regular de calhas: certifique-se de que as calhas estejam limpas e desobstruídas para permitir que a água da chuva escoe livremente, evitando que fique parada no telhado.
Como proteger as crianças e os adolescentes da dengue?
Crianças e adolescentes formam o grupo que tem alguns fatores de risco maiores, motivo pelo qual o Ministério da Saúde priorizou brasileiros nesta faixa de idade para iniciar a imunização. Confira abaixo algumas dicas para prevenir que crianças e adolescentes sejam infectadas pelo vírus da dengue:
1 - Eduque sobre a prevenção: ensine as crianças e os adolescentes sobre a importância de evitar picadas de mosquito e como prevenir a reprodução do Aedes aegypti.
2 - Uso de repelente de insetos: incentive o uso regular de repelente de insetos em crianças e adolescentes sempre que estiverem ao ar livre, especialmente durante os horários de maior atividade dos mosquitos, como ao amanhecer e ao entardecer.
3 - Instalação de telas: certifique-se de que as janelas e portas da casa estejam protegidas com telas para evitar a entrada de mosquitos.
4 - Alerta para sintomas: ensine as crianças e os adolescentes a reconhecerem os sintomas da dengue, como febre alta, dor de cabeça, dor muscular e dor atrás dos olhos. A qualquer sinal de alerta, acompanhe-as ao posto de saúde mais próximo de sua residência.
Lembre-se! Proteger os pequenos da dengue é um esforço coletivo. Converse com vizinhos e a comunidade para que todos façam a sua parte.
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