Localizado na zona leste de São Paulo, o Lar Sírio Pró-Infância é uma organização sem fins lucrativos que atende crianças e adolescentes, entre 04 e 17 anos, em situação de vulnerabilidade social.
A organização possui diversos programas que oferecem desde atividades socioeducativas para as crianças no contraturno escolar como dança, violino, capoeira, teatro e xadrez, até cursos profissionalizantes para os adolescentes.
Atualmente, a instituição está retomando as atividades presenciais de forma gradual por conta da pandemia. Com o intuito de evitar a aglomeração dos pequenos e minimizar os impactos gerados pela crise sanitária, o retorno foi dividido em escalas e, por enquanto, é opcional para as famílias que se sentirem confortáveis.
“A maioria das famílias que atendemos são monoparentais, normalmente são mulheres que trabalham em casas de família. Tem aquelas que possuem qualificação, mas não têm com quem deixar as crianças, então ficam aqui no nosso contraturno. Sem o funcionamento da instituição, na pandemia, fico imaginando como essas mães deram conta. Sem contar o risco de deixar as crianças com qualquer pessoa, porque a violência está em qualquer lugar, às vezes dentro de casa mesmo, com a própria família”, desabafa Luciana Leão, enfermeira do Lar Sírio Pró-Infância.
Apesar dos desafios impostos pelo distanciamento social, o suporte às famílias que precisavam de apoio permaneceu durante todo o tempo em que os atendimentos presenciais estavam suspensos. Como é o caso de Cecília, de 15 anos, e seus irmãos, Renan*, de 09 anos, e Luiz*, de 07 anos.
Frequentando o Lar Sírio Pró-Infância há mais de 5 anos, Ivone*, mãe da Cecília e seus irmãos, descobriu que a instituição participa do Programa Adotei um Sorriso, da Fundação Abrinq, e recorreu à Luciana quando percebeu que sua filha mais velha sentia muita dor em um dos dentes ao comer doce.
De pronto, a enfermeira entrou em contato com a Fundação Abrinq e agendou uma consulta para Cecília e os irmãos na Associação Israelita Fortunée de Picciotto, parceira do programa. Ao ser atendida pela associação, foi identificado que um dos dentes da menina estava com cárie e muito danificado, o que causava as fortes dores. Seria necessário fazer um trabalho mais complexo para reconstruí-lo. Por isso, a adolescente foi encaminhada para a dentista Vilma Tataranni, uma das voluntárias do programa.
“Ela teve um desgaste no dente que precisava de um trabalho protético. Era um dente que tinha uma fratura muito grande e não aguentaria só uma restauração”, explica Vilma, voluntária amiga da criança há 23 anos.
Devido à complexidade do caso, Vilma, além de doar seu tempo e trabalho, também mobilizou seus fornecedores para conseguir os materiais necessários para o procedimento: “Eu falei que era um trabalho voluntário e troquei cestas básicas pelo trabalho da minha protética. As cestas foram doadas para uma instituição que ajudava pessoas também”, conta a voluntária.
A Cecília fez a restauração e terminou o tratamento no mês passado, com a possibilidade de retornar ao atendimento voluntário para acompanhamento.
“Ela [a mãe] fala que sem o atendimento a Cecília perderia o dente, porque não teria condições de pagar neste momento”, relata Luciana.
Para Vilma, doar seu conhecimento para quem mais precisa vai além de um simples gesto de solidariedade, tornou-se uma atitude fundamental para todos: “Faz parte da vida da gente fazer trabalhos voluntários. É fundamental você doar o seu tempo e o seu conhecimento para alguém que definitivamente não consegue ter esse atendimento e precisa dele”, finaliza.
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* Nomes alterados para preservar a identidade dos envolvidos.