No meio do ano, a Fundação Abrinq realizou visitas técnicas nas organizações da sociedade civil (OSCs) que apoia a partir do Programa Nossas Crianças. A ida presencial é uma etapa muito importante do convênio, não apenas pelo acompanhamento das atividades, mas para que possam ser identificados problemas, soluções e oportunidades de melhoria no atendimento das crianças e dos adolescentes.
No ciclo atual, muitas OSCs trabalham especificamente para combater e prevenir a violência sexual, um problema grave que atinge muitas crianças e muitos adolescentes no Brasil. Para se ter uma ideia, considerando os dados mais recentes, mais de 45 mil pessoas menores de 19 anos são sexualmente violentadas anualmente.
Veja abaixo como cada uma dessas organizações atua contra o problema:
Ação Social Esperança e Vida
Local: Pesqueira - PE
Projeto: Viver sem violência - Enfrentando a violência no semiárido pernambucano
Quantidade de beneficiários: 106 crianças e adolescentes de 5 a 18 anos
A Ação Social Esperança e Vida é uma organização localizada na região agreste, no semiárido do estado do Pernambuco, com contexto de alta vulnerabilidade das famílias atendidas. Atualmente, cerca de metade dos atendidos estão em situação de negligência ou de violência doméstica e sexual.
O apoio da Fundação Abrinq, nesse caso, vem para qualificar o acompanhamento psicológico em grupo e individual dos atendidos, além de contribuir com a análise e o acompanhamento dos planos de intervenção que são traçados pela rede de proteção em conjunto com a OSC.
Para isso, a Ação Social Esperança e Vida promove a divulgação do projeto e de ações de enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes no território com eventos que envolvem atendidos, familiares, educadores, poder público e equipamentos do Sistema de Garantia de Direitos do município.
Além disso, a OSC promove o atendimento de proteção integral com oficinas de desenvolvimento de capacidades físicas e mentais, bem como fortalece vínculos familiares e comunitários com oficinas de arte-educação, rodas de conversa com as famílias em temáticas relacionadas ao projeto e realização de visitas domiciliares.
“As atividades financiadas pela Fundação acontecem por meio de oficinas de reforço escolar, contação de história/teatro, artesanato, música, dança, esporte, informática, atendimento psicológico e social, além de um acompanhamento familiar com oficinas, formações e visitas, sendo também ofertado um cardápio saudável e nutritivo para os atendidos”, complementa Maria Ivaneide, coordenadora.
Associação de Assistência à Infância e a Juventude de Altinho
Local: Altinho – PE
Projeto: Infância Protegida: prevenindo e combatendo a violência
Quantidade de beneficiários: 120 crianças e adolescentes de 5 a 18 anos
Ainda que o município de Altinho ainda não disponha de diagnóstico infanto-juvenil, a Associação de Assistência à Infância e a Juventude de Altinho tem identificado um alto índice de casos de crianças e adolescentes vítimas de abuso e exploração sexual, principalmente daquelas vindas das comunidades na zona rural.
Para combater o problema, o projeto busca qualificar o fluxo de atendimento da OSC com os casos de violência identificados a partir do acompanhamento psicossocial, além de engajar a geração de dados no município sobre a temática de enfrentamento à violência doméstica e sexual, aproximando os equipamentos da rede de proteção e estruturando um fluxo adequado de atendimento entre eles.
Assim, a Associação de Assistência à Infância e a Juventude de Altinho desenvolve ações prioritárias, preventivas e educativas no combate à violência doméstica e sexual, além de promover o fortalecimento de vínculos familiares e articulação e mobilização da rede de proteção.
Associação Sul Brasileira de Educação e Assistência Social
Local: Vitória da Conquista – BA
Projeto: Depende de Nós
Quantidade de beneficiários: 120 crianças e adolescentes de 3 a 15 anos
Devido à sua localização geográfica, Vitória da Conquista – onde a Associação Sul Brasileira de Educação e Assistência Social atua – possui um entroncamento rodoviário importante para o transporte de cargas, o que é apontado como uma variável que impacta diretamente no agravamento de casos de violência doméstica e sexual.
Para mudar esse cenário, com o apoio da Fundação Abrinq, a OSC busca promover ações de prevenção para conscientizar o público e identificar casos de violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes atendidos.
A Associação Sul Brasileira de Educação e Assistência Social faz isso a partir de rodas de conversas psicoeducativas com as crianças e os adolescentes, encontros de sensibilização com as famílias dos atendidos e oficinas de teatro e dança, para estimular a reflexão dos atendidos sobre si mesmos e a compreensão das possibilidades de enfrentamento das violências.
“O recurso financeiro que recebemos mantém atividades essenciais na instituição, como oficinas e apoio psicológico. São atividades que têm feito diferença para o público-alvo e tem contribuído também para manter alimentação, material didático e outras despesas como transporte para visitas domiciliares”, explica Elisângela Marinho, assistente social.
Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral
Local: Fazenda Rio Grande – PR
Projeto: Vila Esportiva – Esporte Ferramenta de Transformação
Quantidade de beneficiários: 389 crianças e adolescentes de 7 a 17 anos
O Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral está localizado em um dos municípios mais violentos do Brasil. Segundo um diagnóstico feito pela própria OSC com a população, os principais problemas são a criminalidade e a violência, o uso e o tráfico de drogas e a falta de acesso de crianças e adolescentes a ações e/ou espaços de lazer.
Querendo aliviar essa situação, a organização, a partir da parceria com a Fundação Abrinq, realiza ações para incluir os atendidos em oficinas e espaços socioeducativos relacionados à cidadania e ao esporte. Além disso, faz um trabalho de conscientização com as crianças e os adolescentes, para que reconheçam e saibam se defender de violências, bem como aproxima as famílias e os responsáveis.
Para isso, oferece espaço seguro para a prática de oficinas esportivas inovadoras para as crianças e os adolescentes, contribuindo para que haja menor permanência destes nas ruas, fortalecimento dos vínculos comunitários e melhoria da qualidade de vida. O ensino sobre os direitos presentes no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o compartilhamento de aprendizados e experiências com os pais também contribuem para o objetivo da OSC.
“Ter este apoio está sendo muito importante para criar novos padrões. Conhecer como funciona a Fundação Abrinq e poder usar os métodos que utilizam para obter dados também é muito significativo para nosso crescimento”, comenta Simone Sousa, coordenadora.
Instituto Educacional Duque de Caxias
Local: Ponta Grossa – PR
Projeto: Eu Sou da Paz
Quantidade de beneficiários: 420 crianças e adolescentes de 6 a 15 anos
O Instituto Educacional Duque de Caxias atende o público que vive em territórios vulneráveis do município de Ponta Grossa e entende que alguns de seus atendidos possam estar em situação de risco de violação de direitos.
Dessa maneira, a OSC reconhece que existe uma necessidade de se trabalhar com a prevenção a violência doméstica e sexual, pois, a partir dessa conscientização do público, podem contribuir para identificação de novos casos, o que é feito com o apoio da Fundação Abrinq.
Para atingir seus objetivos, o Instituto Educacional Duque de Caxias disponibiliza informações para que as crianças e os adolescentes saibam se proteger e denunciar situações de violência, por meio de oficinas temáticas, roda de conversa, acolhimento psicossocial, entre outros.
Em outras frentes, também realiza oficinas educativas de comunicação não violenta e de educação para a paz, bem como promove ações em parceria com os atores da Rede de Proteção do território para a prevenção e o enfrentamento aos casos de violência doméstica e sexual identificados.
Instituto Socioeducativo Fabiano de Cristo
Local: Colinas do Tocantins – TO
Projeto: Projeto de Vida
Quantidade de beneficiários: 150 crianças e adolescentes de 5 a 18 anos
O Instituto Socioeducativo Fabiano de Cristo atua em um município que oferece apoio a uma rodovia Norte/Sul e é próximo à uma plantação de soja, tendo sido identificado um aumento dos casos de violência e exploração, além de uma rede intersetorial desarticulada.
Com o assessoramento técnico e financeiro da Fundação Abrinq, a OSC busca reanimar a Rede de Apoio à Criança e ao Adolescente, proporcionando a produção de dados sobre os casos de violência doméstica e sexual no território, a criação de um fluxo de encaminhamento e o trabalho junto aos caminhoneiros na rota que cruza o município com a produção de materiais e campanhas.
A organização também desenvolve atividades socioeducativas orientadas na concepção do desenvolvimento integral, com oficinas psicopedagógicas e ações preventivas com as famílias, bem como mobiliza a rede de proteção e a comunidade local na temática da violência doméstica sexual com campanhas de comunicação e criação de um grupo de trabalho intersetorial.
Movimento República de Emaús
Local: Belém - PA
Projeto: Queremos Viver
Quantidade de beneficiários: 240 crianças e adolescentes de 7 a 18 anos
Com o aumento dos casos de violência doméstica, feminicídio e estupros de menores de 18 anos notificados pela rede de proteção do território, o Movimento República de Emaús passou a receber muitos encaminhamentos sem detalhamentos da violação de direito sofrida.
Com o apoio da Fundação Abrinq, no entanto, a OSC está buscando qualificar o diagnóstico dos casos a partir do fortalecimento da própria equipe técnica e da construção de documentos que visem uma notificação mais adequada junto aos órgãos da rede de proteção. Em paralelo há também um trabalho de diagnóstico realizado com o público atendido e com a busca ativa na comunidade por meio da apresentação de peças teatrais e rodas de conversa em parceria com as escolas.
Dessa forma, a formação de um grupo de teatro com os atendidos, incluindo oficinas artísticas, o fortalecimento de vínculos familiares, a partir de encontros e cursos, e o engajamento e a conscientização da comunidade sobre o problema são as principais frentes da organização.
“A parceira veio fortalecer nossas ações de enfrentamento às violências contra crianças e adolescentes, nos possibilitando garantir um lanche mais saudável, ampliar a equipe técnica com inclusão de psicóloga - uma necessidade que era urgente – e expandir o público beneficiário, além de garantir a realização de espetáculo teatral nas escolas públicas do território, levando arte, reflexão e informação sobre como identificar e enfrentar as violações de direitos contra crianças e adolescentes”, relata Débora Ribeiro, coordenadora.
Sistema de Apoio à Saúde São Rafael
Local: Maringá - PR
Projeto: Fazendo a Diferença
Quantidade de beneficiários: 80 crianças e adolescentes de 6 a 18 anos
Em Maringá, onde o Sistema de Apoio à Saúde São Rafael atua, e em municípios vizinhos, há uma quantidade expressiva de crianças e adolescentes que necessitam de um acompanhamento psicológico por causa dos impactos de uma violação sexual. Isso ocorre principalmente por não haver, na rede de proteção, equipamentos qualificados para este trabalho.
Nesse sentido, o convênio com a Fundação Abrinq busca minimizar os danos psicológicos sofridos após situações de violências, oportunizando a ressignificação da história da criança ou do adolescente, como forma de romper com o ciclo da violência vivenciado.
Assim, a OSC oferece tratamento psicoterápico individual gratuito e continuado para crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual e executa o acolhimento das famílias dos encaminhados, por meio da escuta qualificada, visando estabelecer uma relação mais próxima e assertiva.
Além disso, há articulação com a rede de proteção da criança e adolescente do município de Maringá conforme demanda da família, bem como a realização de ações formativas sobre a temática do enfrentamento e prevenção à violência doméstica e sexual para organizações da sociedade civil, unidades escolares e outros equipamentos da rede de proteção.
“A complementação de 20 vagas no projeto não é apenas uma questão numérica: é uma questão de compromisso social e esperança. Estamos determinadas a fazer essa diferença, e com o apoio adequado, temos plena convicção de que conseguiremos transformar a vida deles, guiando-os para um futuro mais promissor e repleto de possibilidades”, conta Rosane Marques, gestora.