O 23º Encontro Anual da Rede Nossas Crianças, realizado em 19 de setembro, em São Paulo - SP, reuniu mais de 200 profissionais de organizações da sociedade civil comprometidos com a promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes de todo o Brasil. O evento teve como principal objetivo fomentar discussões e compartilhar conhecimentos sobre as ações voltadas para a Saúde, Educação e Proteção das futuras gerações.
Os participantes já demonstravam animação logo na chegada ao evento. “Espero uma grande viagem e uma troca potente para fortalecer o processo da garantia de direitos de crianças e adolescentes espalhados pelo Brasil. Aqui é uma forma que temos de nos capacitar e de trocar experiências sobre a caminhada para o enfrentamento das diversas violações contra a infância e a adolescência. A Fundação Abrinq tem sido uma grande parceira neste compromisso e engajamento social”, conta Francisco Moreira, coordenador pedagógico da Casa de Zabelê, de Teresina – PI.
No período da manhã, a abertura do evento contou com as boas-vindas de Ariane Duarte, coordenadora de Programas e Projetos da Fundação Abrinq, que fez uma breve apresentação da Fundação Abrinq e contextualização histórica do Programa Nossas Crianças , além de explicar como ele funciona.
A primeira palestra do evento, ministrada por Mariana Kruchin, consultora jurídica de organizações da sociedade civil, abordou os avanços e desafios do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC) no fortalecimento das entidades que atuam na proteção dos direitos de crianças e adolescentes. A palestra destacou a evolução na regulamentação dessas organizações e os desafios institucionais e ferramentais que ainda precisam ser superados.
A segunda palestra, conduzida por Maria Antônia Fulgêncio e Jady de Souza, do Movimento Negro de Heliópolis, ressaltou a importância da educação antirracista nas organizações da sociedade civil. As palestrantes contaram a história do racismo no Brasil, discutindo marcos históricos frequentemente negligenciados e personalidades fundamentais na luta pela libertação dos negros. Elas enfatizaram a relevância de compreender o genocídio da população negra, a existência do racismo estrutural e a necessidade de valorizar as crianças e os adolescentes como agentes de mudança.
“Se nós não mudarmos o nosso olhar, não sairemos do lugar. Eu preciso me dar o direito de mudar de olhar e me reconstruir. Para saber sobre a educação antirracista, eu preciso saber o que é racismo estrutural, e o Brasil tem esse racismo dentro da questão da Educação e da Saúde, afirma Maria Antônia.
A terceira palestra, apresentada por Karolyne Ferreira, do Instituto Rodrigo Mendes, explorou o papel das organizações da sociedade civil na construção de uma educação inclusiva para crianças e adolescentes. Ferreira estimulou uma análise crítica das dificuldades enfrentadas na implementação da educação inclusiva e sugeriu caminhos viáveis para sua construção nas organizações da sociedade civil.
De acordo com Elizete Prestes, coordenadora de oficinas e qualificação profissional do Reino da Garotada de Poá – SP, “as palestras foram muito enriquecedoras. Mudaram meu foco de pensamento. Por meio delas, houve uma grande mudança de planejamento para que eu possa agregar e somar todo o conhecimento que adquiri. As três palestras foram muito importantes e vamos tentar introduzir o que aprendemos no dia a dia da nossa organização”.
No período da tarde, os participantes tiveram a oportunidade de escolher entre diversas oficinas e salas temáticas, todas alinhadas com os desafios enfrentados diariamente por organizações que compõem a Rede Nossas Crianças:
Sala temática 1: Escrita de Projetos: Aprenda como Desenhar um Projeto Social de Sucesso;
Sala temática 2: Guia Prático para Captar e Fidelizar Voluntários para a sua Causa;
Workshop 1: Mão na Massa: Passo a Passo para Apoiar os Adolescentes na Construção de seus Projetos de Vida;
Workshop 2: Educação Antirracista: Caminhos para Aplicar na sua Organização;
Workshop 3: Cultura de Paz e Não Violência: Aprender, Ensinar e Estimular;
Workshop 4: Brincar Inclusivo: Se Divertindo e Respeitando as Diferenças.
Segundo Elizabeth Rodrigues, orientadora social do Centro de Apoio Ação e Transformação OIAEU , de Ferraz de Vasconcelos – SP, “de todos os encontros que participei da Fundação Abrinq, este está sendo muito diferenciado. Estou achando muito bacana a forma que realizaram este encontro. Durante a tarde, participei do workshop do brincar inclusivo, vendo situações que eu nunca tinha vivenciado no trabalho com crianças com deficiência. Na próxima semana, vamos receber uma criança com autismo. E na oficina eu consegui absorver vários conhecimentos que vou poder utilizar no acolhimento dela”.
Para Michelly Antunes, líder do Programa Nossas Crianças, “o 23º Encontro Anual da Rede Nossas Crianças foi um momento festivo. É a época em que os representantes das organizações que fazem parte da rede se juntam para dividir e compartilhar conhecimento. Falamos sobre muitos temas fundamentais que envolvem o dia a dia dessas organizações e que foram construídos a partir das necessidades delas. Além de ter sido muito rico, acredito que as organizações saem do encontro com o coração aquecido e motivadas para implementar o conhecimento adquirido aqui e melhorar o atendimento às crianças e aos adolescentes”.
O 23º Encontro Anual da Rede Nossas Crianças demonstrou o compromisso firme da Fundação Abrinq em fortalecer as organizações da sociedade civil que trabalham incansavelmente em prol do bem-estar e desenvolvimento pleno de crianças e adolescentes. Os participantes saíram do evento revigorados e inspirados para enfrentar os desafios que ainda persistem, na busca por um futuro mais promissor para a infância e adolescência brasileira.